A vida de Paulo Eiró, seguida de uma coletânea inédita de suas poesias

Sobre a grenha do gigante,

Brilha a lua desmaiada,

Como tocha vacilante

Pelos ventos açoitada.



É, na convulsão eterna,

O oceano sempre a arfar!

Mas, como à água da cisterna,

Não lhe é dado transbordar...



NOITE FELIZ

Oh noite! oh negro vampiro,

Que este saudoso retiro

Furtas às luzes do céu,

Nunca foste mais propícia,

Nunca sobre tal delícia

Deixaste cair teu véu!



O vento açoita a espessura;

Inchado o rio murmura,

Corre louco de pavor;

Sombras, que o olhar não penetra,

Rasga a tuidara, e soletra

"Morte", no seu estridor.



Já que deste mudo campo

Não tinge um só pirilampo

A negra cor sem matiz,

Nem o céu torvo se estrela,

Vinde, trevas, vem, procela,

Saudar um homem feliz!



Noite, foras tu eterna!

Como ao navio que aderna,

Some esta alma em teu horror!

Enfaixa em teus véus medonhos

Os fantasmas dos meus sonhos,

Os filhos do meu amor!

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