Sobre a grenha do gigante,
Brilha a lua desmaiada,
Como tocha vacilante
Pelos ventos açoitada.
É, na convulsão eterna,
O oceano sempre a arfar!
Mas, como à água da cisterna,
Não lhe é dado transbordar...
NOITE FELIZ
Oh noite! oh negro vampiro,
Que este saudoso retiro
Furtas às luzes do céu,
Nunca foste mais propícia,
Nunca sobre tal delícia
Deixaste cair teu véu!
O vento açoita a espessura;
Inchado o rio murmura,
Corre louco de pavor;
Sombras, que o olhar não penetra,
Rasga a tuidara, e soletra
"Morte", no seu estridor.
Já que deste mudo campo
Não tinge um só pirilampo
A negra cor sem matiz,
Nem o céu torvo se estrela,
Vinde, trevas, vem, procela,
Saudar um homem feliz!
Noite, foras tu eterna!
Como ao navio que aderna,
Some esta alma em teu horror!
Enfaixa em teus véus medonhos
Os fantasmas dos meus sonhos,
Os filhos do meu amor!