SONETO I(21) Nota do Prefaciador
Ó Gertrudes, apronta logo a ceia!
Não sabes, coisa má, como se aduba
O mocotó, e aquenta-se a jacuba
Que o teu beiço feroz café nomeia?
Bravíssimo! A panela, que hoje estreia,
Chia sobre a tisnada itacuruba;
Cantada serás, negra, em doce tuba,
Que o fogo do apetite o estro me ateia.
Põe na mesa a toalha menos suja,
Despacha-te! Que fome!... E já tamanha,
Que nem verso, nem prosa há que decifre!
Vou mostrar-te, feiíssima coruja,
Quanto é sublime um vate, quando arranha
Prato de estanho com colher de chifre!
SONETO II
Quando, c'os olhos míopes, eu sigo
Esta vida que sempre nos ilude,
Como a dama, ao passar um ataúde,
Tenho ataques de nervos, meu amigo.
Logo ao nascer, arrancam-nos o umbigo;
Depois, a vara inspira-nos virtude,
E, ao amor dedicando a juventude,
Pomos as nossas costas em perigo.
Casamos... que tolice! O ano inteiro
Em inútil suor banha-se a testa,
Que a mulher nos dá cabo do dinheiro.
A velhice mil mágoas nos empresta;
Só do tabaco nos agrada o cheiro;
Chega a morte de foice e... acaba a festa.