A vida de Paulo Eiró, seguida de uma coletânea inédita de suas poesias

SENSIBILIDADE

Cecém de primavera,

Que, aberta de manhã

Nos claros da tapera,

O orvalho, que a embebera,

Derrama aos pés, louçã;



Assim és, Umbelina,

Quando no rosto teu

Vejo água cristalina

Manar, límpida e fina,

Da fonte que rompeu.



Olhos, que mal obumbram

Pálpebras juvenis,

Com lentidão vislumbram

Lágrimas que ressumbram

De um coração feliz.



São lágrimas douradas,

Sem fezes, sem ardor,

Que as almas fatigadas

Estilam, temperadas

De preces e de amor.



Deixa-me que as engrosse!

Que, para aí chorar,

Do seio tome posse

Que, erguendo-se tão doce,

Baixa sem suspirar!



Assim como num vaso,

Cheio por tua mão,

Se pousa um sopro acaso,

Gotas em curto prazo

Desfiam té o chão;



Essa alma que me deste,

Isenta de aridez,

Se ama, se galas veste,

Orvalha o dom celeste

E os júbilos talvez.

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