Mas dignos hemos de ser
Dos pais que por nós esperam:
Como eles morrer souberam,
Nós saberemos morrer!
Nunca hão de os nossos suores
Nutrir alheia cobiça;
Aos mandados dos senhores,
A fronte nunca submissa!
Vivamos co'o arco em punho,
Deixando atroz testemunho,
Ensanguentado troféu,
Aos ossos que este chão cobre;
Somos raça livre e nobre,
Filhos da terra e do céu!
Sirva e trema a casta bruta,
Em pele e coração negra,
Que, escravizada sem luta,
Do emboaba o tédio alegra;
Que, à noite, ri, folga, esquece
Quanto de dia padece.
Para eles fique o feitor,
Fique o trabalho, a tortura;
Para nós, a sepultura
— Terra que não tem senhor!
Era a caça copiosa
Junto à choça em que eu morava;
Era linda a minha esposa,
Quando o filho acalentava.
Ergo-me um dia, contente,
Dou um beijo mais ardente
Na minha pobre Itaé;
Meu filho na rede embalo,
E, para não despertá-lo,
Saio na ponta do pé.
Do bosque chegara ao centro,
Tomando o sol para norte,
Quando senti, na alma dentro,
Ânsias como a ânsia da morte.
— Volta! uma voz me dizia.