Sem saber o que fazia,
Ouço de onde parte a voz;
E, por ela me guiando,
Corro na selva, arquejando,
E cada vez mais veloz.
Chego, atiro-me à cabana...
Horror! Bem ao pé da porta
Vejo uma figura humana:
Era Itaé, fria, morta!...
Mas ele? Onde está? Meu filho!
Como um louco, sigo o trilho
Que deixara o europeu:
Que vejo! Uma onça esfaimada
Lambe a relva ensanguentada...
Esse sangue! é dele... é meu!
Não chorei. Volvi calado
Como estas tristes caveiras,
Que do teto enfumaçado
Me fitam noites inteiras,
Frutos de minha vingança!
Realizou-se a esperança
Que era todo o meu porvir:
Ao pé de uma alta perova,
Aberta deixei a cova
Em que eu só hei de dormir...
1854.
A CHAMIL
Ó Chamil, ó terror do povo eslavo,
Vejo-te, todo esforço, todo audácia,
Lavando os precipícios da Circássia
Em sangue moscovita, sangue escravo!
Vejo-te, rei-profeta, chefe bravo,
Chamar às armas teus irmãos da Trácia;
E, bárbaro (da Europa vã falácia),
Dos adeptos da luz vingar o agravo!