A vida de Paulo Eiró, seguida de uma coletânea inédita de suas poesias

Sem saber o que fazia,

Ouço de onde parte a voz;

E, por ela me guiando,

Corro na selva, arquejando,

E cada vez mais veloz.



Chego, atiro-me à cabana...

Horror! Bem ao pé da porta

Vejo uma figura humana:

Era Itaé, fria, morta!...

Mas ele? Onde está? Meu filho!

Como um louco, sigo o trilho

Que deixara o europeu:

Que vejo! Uma onça esfaimada

Lambe a relva ensanguentada...

Esse sangue! é dele... é meu!



Não chorei. Volvi calado

Como estas tristes caveiras,

Que do teto enfumaçado

Me fitam noites inteiras,

Frutos de minha vingança!

Realizou-se a esperança

Que era todo o meu porvir:

Ao pé de uma alta perova,

Aberta deixei a cova

Em que eu só hei de dormir...

1854.



A CHAMIL

Ó Chamil, ó terror do povo eslavo,

Vejo-te, todo esforço, todo audácia,

Lavando os precipícios da Circássia

Em sangue moscovita, sangue escravo!



Vejo-te, rei-profeta, chefe bravo,

Chamar às armas teus irmãos da Trácia;

E, bárbaro (da Europa vã falácia),

Dos adeptos da luz vingar o agravo!

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