uma ordem social cujas camadas guardam ainda caracteres do passado.
Em consequência, os negros e mulatos encontram-se em posição econômica e social peculiar. Dado o grau de diferenciação da estrutura econômica, os negros e os mulatos encontram possibilidades limitadas de ascensão social e econômica. Como as condições de existência material mantiveram-se relativamente estáveis desde o passado, eles se viram impossibilitados de ascender na escala social em grande número. Pode-se afirmar que os padrões de relações raciais elaborados no passado atuam como fatores negativos no peneiramento dos negros e dos mulatos.
Foram esses os fatores que nos permitiram surpreendê-los, em 1955, em situação social e econômica que ainda guarda pontos de contato com a ordem escravocrata. Em conjunto, essa situação mantém diversos caracteres da antiga ordem, o que faz de Florianópolis um importante objeto de estudo. De um lado, porque permite conhecer melhor um estado de acomodação inter-racial peculiar em relação à sociedade brasileira tradicional, dado ser uma área que não se desenvolvera nos moldes da economia colonial. De outro, porque nos dá uma perspectiva para analisar, objetivamente, processos que ocorreram, em situações e condições similares, no passado.
Assim, parte da "população de cor" de Florianópolis encontra-se ainda relativamente à margem, tanto no que diz respeito à estrutura econômica, quanto no que tange à estrutura social, encontrando limitadas oportunidades de classificação econômica e social. Esta situação, aliás, reflete-se na própria distribuição ecológica dos negros, mulatos e brancos. Apenas nas últimas décadas uma grande parte dos negros e mulatos conseguiu modificar os seus padrões de integração à ordem social, vindo a desfrutar de certas possibilidades abertas pela