mudança social e pela ascensão social das camadas populares. Isto explica a inexistência de uma verdadeira e extensa "elite de cor". Poucos atingiram a classe média até o presente. Veja-se, por exemplo, a frequência dos "elementos de cor" nas escolas secundárias.(5) Nota do Autor E raros alcançaram as profissões liberais.
É evidente que nos processos de peneiramento, de integração e ascensão intervêm padrões de comportamento inter-racial que emergiram no passado. Quando os negros e mulatos, vindos da escravidão, começam a se reintegrar na estrutura econômica e social da comunidade, entram em jogo fatores negativos que dificultam a aquisição de um novo status econômico e social. Aliás, esse processo é lento até a década de 1930/40, já que a estrutura econômica evoluiu vagarosamente. Com as repercussões da guerra de 1939/45 a comunidade é levada a novos desenvolvimentos, particularmente no plano das atividades comerciais, além de alguns prenúncios de industrialização, o que acelera o ritmo das transformações. Nesse momento, aproveitando as oportunidades abertas, o negro e o mulato procuram conquistar novas posições. Todavia, como afirmamos, as bases fundamentais da vida econômica da comunidade não se alteram profundamente. Mantêm-se os mesmos elementos básicos do passado e as oportunidades ainda são restritas. Por isso, eles não conseguem ascender rapidamente e em grande número. Lutam com dificuldade até mesmo para conquistar melhores posições na camada mais baixa da sociedade.
Em face dessa situação, nosso objetivo consistiu em: a) averiguar os padrões de comportamento inter-racial vigentes no período escravocrata, bem como explicar as condições responsáveis por sua emergência e analisar os seus principais efeitos dinâmicos em termos de suas funções, seja no plano da preservação da ordem escravocrata, seja no do ajustamento dos brancos e dos negros