Cor e mobilidade social em Florianópolis

numa comunidade pobre, onde a escravidão coexistiu com o trabalho assalariado; b) analisar os padrões de comportamento inter-racial vigentes no presente em Florianópolis, tendo como objetivo verificar como eles operam no mecanismo de peneiramento, de integração e ascensão socioeconômica do mulato e do negro; c) verificar se os padrões de relações inter-raciais do presente guardam ligações com a ordem tradicional de acomodação racial. Nesse sentido, procuramos explicar quais as condições que permitiram a preservação desses padrões até o presente e discutir se os efeitos dinâmicos dos padrões de relações raciais no sistema de acomodação inter-racial do presente correspondem aos efeitos desses mesmos padrões no ajustamento de negros e brancos no passado.

Para explicar os problemas que tínhamos em mira fomos obrigados, também, a discutir, mais extensamente que o desejável, o desenvolvimento da economia da Ilha e mesmo do Estado de Santa Catarina. A falta de uma história econômica sistemática dessa região obrigou-nos a isso. Limitamo-nos, entretanto, a analisar os aspectos do desenvolvimento econômico da região que direta ou indiretamente poderiam contribuir para o esclarecimento dos problemas acima enunciados. Não tivemos, por isso, a pretensão de fazer um trabalho completo de reconstrução histórica.

Para realizar a investigação com esses objetivos julgamos conveniente elaborar duas hipóteses básicas de trabalho. Em primeiro lugar, com relação ao passado, o problema que se colocava era o de saber-se de que forma se inscreviam na organização social de uma comunidade pobre como Desterro os padrões de relações inter-raciais da sociedade escravocrata brasileira. Partimos de que os padrões de interação racial que foram elaborados nas áreas da grande propriedade territorial de base escravocrata deveriam, provavelmente, encontrar condições de

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