atualização também em Desterro, mas que deveriam sofrer reelaborações quanto à intensidade de suas manifestações, às formas de exteriorização e quanto às funções que exerciam no sistema de acomodação inter-racial. Deveríamos, pois, esclarecer em que sentido se verificaram essas reelaborações e quais seus efeitos em termos da preservação dos antigos padrões de contato inter-racial no presente. Para o conhecimento desta situação no presente, julgamos conveniente elaborar uma hipótese destinada a apanhar dois aspectos inter-relacionados e igualmente importantes na análise da situação de contato: as condições de convivência racial(6) Nota do Autor e as ideologias raciais.(7) Nota do Autor Essa hipótese permite a compreensão da amplitude e das funções do preconceito racial na atualidade, podendo ser formulada do seguinte modo: os padrões de comportamento inter-racial na comunidade estudada oscilam em função dos grupos raciais e conforme o grau de convivência exigido pelas situações sociais, isto é, de acordo com a posição dos sujeitos na estrutura social. Através dessas flutuações é que se pode examinar as formas de exteriorização, o grau de intensidade e a natureza do "preconceito racial"(8) Nota do Autor existente na sociedade brasileira. Nesse sentido, o preconceito tende a agravar-se nas "áreas de tensão"(9) Nota do Autor da estrutura e organização sociais. Consequentemente, o negro, o mulato e o branco reagem de formas diversas, de acordo com aqueles níveis e conforme o grau de convivência inter-racial. Esta situação exige, em contraposição à ideologia racial elaborada pelo branco no passado, principalmente, uma ideologia do negro e do mulato, que se constitui sob a pressão das condições atuais de ajustamento inter-racial.
***
A investigação sobre as relações entre negros, mulatos e brancos, em Florianópolis, teve de partir das seguintes condições extracientíficas iniciais: limitado