História da queda do Império 1º v.

Mas isto não seria tudo. De fato, pode-se perfeitamente conceber a hipótese de um escritor documentar-se o mais possível sobre o assunto limitado do seu livro, utilizar escrupulosamente a documentação coligida, dar um tratamento amplo à redação do trabalho e, ainda assim, produzir obra de circunstância, na medida em que a sua informação cultural não abranger outros aspectos gerais da matéria, não diretamente relacionados com o setor especial que o autor tinha em vista. Com esta História da Queda do Império tal coisa não ocorreu. Os conhecimentos fatuais, as posições críticas e até mesmo os preconceitos políticos do autor, foram-se acumulando, precisando, em uma palavra, amadurecendo vagarosamente ao longo das suas leituras e trabalhos anteriores, especialmente durante o preparo da sua extensa biografia do segundo Imperador. Assim, quando se lançou à obra, Heitor Lyra já dominava um terreno bem mais amplo que o ponto demarcado para ela, o que é a única forma de verdadeiramente se dominar este ponto.

Voltando à documentação reunida especialmente para o livro, creio que o seu levantamento e sua utilização foram praticamente completos. Livros e folhetos, correspondências e artigos de imprensa, conferências, palestras e narrativas orais, nada foi esquecido ou desaproveitado, quando utilizável. Alguns dados são inéditos, como o conteúdo bastante elucidativo de vários ofícios enviados a seus governos, por diplomatas acreditados na Corte de São Cristóvão.

Mas, ainda que grande parte do material já seja conhecido, o que é verdadeiramente original e lhe dá certo caráter de ineditismo, é o arranjo sistemático do mesmo, num alto e bem-sucedido esforço de coordenação construtiva. Não esqueçamos que o historiador tem qualquer coisa do construtor. O material acumulado

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