História da queda do Império 1º v.

Já que estamos no capítulo dos reparos, não deixarei de fazer constar aqui alguns outros, que me ocorreram no percurso das páginas. Por duas vezes (vol. I, págs. 55 e 250) Lyra diz que Deodoro dissolveu a Constituinte. Ora, o que o golpe de 3 de novembro de 1891 dissolveu temporariamente foi o Congresso, dividido nas duas Casas, no qual se transformara a Assembleia Constituinte desaparecida desde 24 de fevereiro, data da Constituição. À página 346 do volume II, lemos, em nota, o seguinte: "Disse-se que, tendo o Imperador perguntado a Saraiva quem, no seu entender, podia encarregar-se, com sucesso, de organizar o futuro Governo, aquele lhe indicara o nome do visconde de Ouro Preto. Há, porém, engano: o monarca limitou-se apenas a dizer-lhe que mandasse chamar o senador mineiro. Nem era, aliás, o caso de Saraiva indicar-lhe um nome para futuro organizador ministerial". No entanto, na página 359, deparamos o que passo a transcrever: "Cabia até indagar como é que Saraiva, uma criatura, afinal, em tudo diferente de Ouro Preto, um homem tão prudente, tão moderado e de tanto bom senso, o havia indicado ao Imperador. É verdade, como vimos atrás, que ele justificara essa indicação, dizendo que o senador mineiro era a pessoa que a princesa imperial desejava para organizador do Ministério, razão pela qual ele, Saraiva, não pudera aceitar a incumbência: nesse caso, tendo de indicar um nome, não era possível escolher outro". Ora, o que vimos atrás é que há engano na imputação a Saraiva da responsabilidade de indicar "o homem de feitio impulsivo, por vezes até violento, cheio de impaciências e de espírito de luta" que era Ouro Preto, no retrato traçado por Heitor Lyra. Não é gesto, que não tenho, de caçar nugas, que me faz colocar os dois trechos lado a lado. É que a matéria é importante, por envolver o arbítrio do poder moderador no fim do

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