História da queda do Império 1º v.

Império, e também a responsabilidade do prudente "solitário de Ipojuca", na escolha, para tantos desastrada, do bravo e digno visconde de Ouro Preto.

Outra passagem que também não entendi bem, foi aquela em que Heitor Lyra afirma que a última sessão da Câmara dos Deputados do Império, reunida a 15 de novembro, realizava-se "depois de 83 anos de vida sob o regime monárquico". Logo depois acrescenta, como que para tirar qualquer dúvida: "Pode-se bem dizer: depois de 83 anos de glórias parlamentares, de ver passar em seus bancos todos esses dignos varões que tanto dignificaram os anais do Império do Brasil" (vol. II, pág. 388). Ora, é sabido que a Assembleia Constituinte do Império, primeira manifestação parlamentar do Brasil, cuja convocação foi solicitada ao príncipe Dom Pedro pelo Conselho de Procuradores das Províncias a 3 de junho de 1822, foi convocada por decreto daquele mesmo dia, eleita de acordo com as instruções baixadas por José Bonifácio em aviso de 19 do referido mês de junho (eleição indireta levada a efeito em dias diferentes, nas várias Províncias) e só se reuniu a 3 de maio de 1823, sendo que, daí por diante, até o fim da Primeira República, essa data de 3 de maio passou a ser a da reunião do poder legislativo brasileiro.

Mas essas e outras pequenas falhas, acaso existentes, e que serão devidamente apuradas pelos críticos especializados e corrigidas em edições posteriores, não empanam o admirável valor geral da composição, nem comprometem a confiança do leitor na enorme tela em que Heitor Lyra, sábio e minucioso pintor de motivos históricos, fixou, com mão de mestre, o amplo painel que representa o drama da queda do Império.

Usando de ênfase, eu diria que Lyra é mais um historiador da escola de Tácito que de Tito Lívio.

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