com a sobrinha. E em 1828, nomeado regente por D. Pedro, regressa triunfalmente a Portugal.
No próprio dia da chegada, as aclamações, o delírio da multidão que como rei absoluto o saudava e o queria, anularam quaisquer bons propósitos com que pudesse ter vindo. Não desembarcou no Terreiro do Paço, onde o aguardavam, num pavilhão, os deputados e os pares do Reino. Foi desembarcar em Belém, no meio do povo, que desvairado de entusiasmo ajoelha à sua passagem, e berra, cadenciadamente, atroadoramente, o improviso que se tornou célebre: - o "Rei Chegou".
"Rei chegou,
Rei chegou,
Em Belém desembarcou,
Na barraca
Não entrou!"
Chegara a 22 de fevereiro. No dia 26 jurou a Carta, solenemente e pela segunda vez. Mas no dia 13 de março decreta a dissolução da Câmara dos Deputados.
Acentua-se o êxodo das famílias liberais. Cresce a intolerância dos absolutistas. Eça fez ressurgir em poucas linhas, no desencanto de Afonso da Maia, "essa Lisboa miguelista... desordenada como uma Túnis barbaresca; essa rude conjuração apostólica de frades e boleeiros, atroando tabernas e capelas; essa plebe beata, suja e feroz, rolando do lausperene para o curro, e ansiando pelo Príncipe que lhe encarnava tão bem os vícios e as paixões..."
Ninguém mais duvida que D. Miguel se tornará D. Miguel I, rei de Portugal. Assim é tratado nas ruas, assim é vitoriado nos teatros. Assim a 25 de abril - como presente de aniversário a Dona Carlota Joaquina - e no dia imediato, é aclamado em várias cidades, pelos corpos legislativos e guarnições militares locais.
Em Aveiro, terra do desembargador, a aclamação se verifica no dia 25.
O desembargador não fugira. Ficara, mas desembargador apenas por fora. Por dentro, um conspirador. E não conspirava como desembargador, livrescamente, teoricamente. Conspirava com