objetividade, intensamente, vinte e quatro horas por dia, e por todos os modos, idealizando o levante, congregando os elementos civis, estabelecendo contatos com militares, planejando até operações de tropa. E o que ressalta de várias peças dos processos movidos aos conspiradores, o que foi salientado na sentença que o condenou, e o que consignam os historiadores. Nem sequer faltaram requintes de conspirador profissional, pois parte da correspondência do desembargador, "volumosa, ativa, quotidiana", era escrita "com tintas compostas por meio de preparações químicas".
Empenhara-se o desembargador em que partisse de Aveiro o primeiro grito de rebelião. E assim foi. No dia 16 de maio de 1828, às sete horas da manhã, sublevada a tropa, Queirós, na Câmara Municipal, determina o cancelamento da aclamação de D. Miguel. Ele próprio teria redigido a minuta desse "Auto de reclamação e trancamento do que se fez em 25 de abril".
No mesmo dia, à tarde, o Porto se subleva também. Constitui-se ali a Junta do Governo Provisório, e dela o desembargador é um dos secretários.
A 26 de junho chegam ao Porto chefes liberais exilados, entre eles Palmela e Saldanha, rivais notórios. Trouxera-os da Inglaterra o Belfast, navio especialmente fretado - com dinheiro do Brasil. Resende e Itabaiana, representantes brasileiros em Londres, tinham em mãos a indenização que pelo tratado de 1825 o Brasil se obrigara a pagar a Portugal. Não quiseram entregá-la a D. Miguel, face à atitude por este assumida. Para ajudar a expedição que visava a derrubá-lo, contribuíram, daquele dinheiro, com dez mil libras.
Saldanha e Palmela, bem como os demais chefes militares, foram recebidos com aclamações e esperanças. Mas não se entendiam, rivais que sempre tinham sido. Além disso, a revolta não se alastrara, ficara confinada ao Porto.
Poucos dias bastaram, uma semana, para que se resolvesse a volta do Belfast e a impossibilidade de prosseguir na insurreição.
Nessa hora de desânimo, de confusão, de pânico, nessa véspera do "salve-se quem puder", o desembargador, quase sozinho, manifesta-se pela continuação da luta. É deliberado, porém, cessá-la, como unanimemente opinam os generais.
Tempos depois, decerto para fixar que fora de muitos a responsabilidade da decisão, Palmela pediu a Queirós que respondesse,