sobre o assunto, a um questionário. A "resposta retrata o desembargador como ele deve ter sido: seco, nítido, corajoso, altivo.
A carta é longa, mas basta, para sentir o homem, ler as primeiras linhas: "Agradecendo a V. Exa. o bom conceito que me assegura da verdade e honra do meu caráter, e que só por esta fieira quer traçada a minha declaração, tenho a prevenir V. Exa. de não poder atestar sobre alguns dos quesitos pois que me levantei da sessão e a ela não mais voltei, apenas se assentou definitivamente a imediata retirada do Exército para a Galiza, não se tendo admitido o expediente, que eu propus, de marchar o Exército sobre as forças rebeldes ao norte do Douro..."
Isso é dito assim, com essa franqueza, ao muito nobre Palmeia, um dos chefes que haviam votado pela retirada, a qual se consumou no dia 4 de julho, quando o Belfast zarpou, levando de volta os chefes militares vindos da Inglaterra. O exército liberal passou a fronteira, internando-se na Espanha. Alguns chefes civis conseguiram também fugir, entre eles o desembargador Queirós.
Começa a repressão, implacável, sangrenta, açulada pela rainha-mãe, que pede sempre mais cabeças.
Não encontrando Queirós, os repressores sequestram-lhe os bens e encarceram-lhe a esposa, Teodora Joaquina.
Depois é o processo, a condenação. A sentença, de 25 de novembro de 1829, o considera "haver sido não só o mais atrevido e ousado conspirador, cabeça e principal autor das tramas e maquinações que usaram e prepararam o horroroso atentado de 16 de maio de 1828, nas duas cidades de Aveiro e Porto, mas também incansável e poderoso agente do seu desenvolvimento e acérrimo mantenedor da sua destruidora persistência e deplorável duração".
A ferocidade da sentença não foi exclusivamente retórica. Eis a pena: "Depois de ter sido conduzido com baraço e pregão, pelas ruas públicas do Porto, sendo o seu corpo reduzido a cinzas e depois lançado ao mar, bem como posto fogo ao cadafalso em que lhe fosse decepada a cabeça desse infame, perverso e façanhoso Joaquim José de Queirós."
Doze implicados na insurreição, entre eles vários magistrados, sofrem no cadafalso a sorte a que fora condenado Queirós. Este, no exílio, passa da Inglaterra à França e depois à Bélgica.