A ama pernambucana
De Ana Joaquina Leal de Barros, sabe-se tudo do nome mas pouco da vida.
Em outubro de 1906 a Póvoa de Varzim se preparava para inaugurar, na casa até ali indicada, por todos, como a do nascimento de Eça de Queirós, uma placa comemorativa, oferta de poveiros residentes no Brasil. E então, às vésperas da festa, a vizinha Vila do Conde surgiu com a pretensão estarrecedora de que ela, e não a Póvoa, é que teria sido o berço do escritor.
O argumento principal era simples. De acordo com as Leis eclesiásticas, em cada paróquia só se podiam batizar as pessoas que nela houvessem nascido; e o batismo, como se provava com a respectiva certidão, tivera lugar em Vila do Conde.
Na certidão, logo divulgada pela imprensa, aparece, pela primeira vez vinculado ao de Eça de Queirós, o nome de Ana Joaquina: "... forão Padrinhos o Senhor dos Afflictos, tocando com o seu resplendor o mesmo batisante e Madrinha Anna Joaquina Leal de Barros, casada com Antônio Fernandes do Carmo".(1) Nota do Autor
O nome, portanto, já veio completo. Os fatos da sua vida, inclusive os que a ligavam ao menino batizado, é que só aos poucos foram sendo desvendados.
De início, é apenas a madrinha. Mais pormenores não tardaram, porém, a ser fornecidos. Em um dos primeiros lances da polêmica que pelos jornais travaram a Póvoa de Varzim e Vila do Conde, um habitante e defensor desta afirmava: "Foi na Rua de S. Pedro [hoje do Costa] e na humilde choupana de sua madrinha