do nascimento, fosse por falta de maiores informações ou por escrúpulo em divulgá-las. Naquele caso estaria o brasileiro Miguel Melo, autor do primeiro livro de biografia e crítica sobre Eça de Queirós, publicado em 1911, o qual silenciou a respeito. Já Antônio Cabral, que escreveu a primeira biografia portuguesa, confessadamente omitiu, ao aparecer o livro, em 1916, certos pormenores, só divulgados em edição posterior, quando a notoriedade que haviam adquirido fizera desaparecer a razão do escrúpulo.
Nesses primeiros livros e nos que logo se seguiram, o máximo que se dizia, da vida de Ana Joaquina, era a repetição dos dados iniciais.
Só em 1945, com os muitos trabalhos que assinalaram o centenário de Eça de Queirós, surgiram outros pormenores sobre a vida da madrinha e ama, como o relativo à nacionalidade.
Duas obras então publicadas, quase simultaneamente - as de Antônio Ramos de Almeida e João Gaspar Simões - revelaram que Ana Joaquina era brasileira, razão do seu destaque neste livro. Aquele escritor se fundou na tradição oral; Gaspar Simões, documentando-a, encontrou o registro de casamento de Ana Joaquina, efetuado em maio de 1832, que a dá como nascida em Pernambuco, filha natural de Ana Maria da Conceição e pai incógnito.
Com base nesse elemento novo, os dois escritores formularam a hipótese de que o desembargador Queirós, quando andou pelo Brasil, houvesse encontrado Ana Joaquina. Gaspar Simões sugere mesmo que a mãe desta poderia ter sido, no Brasil, empregada da família. Tratar-se-ia, portanto, de pessoa conhecida, o que justificaria a escolha para cuidar do menino.
A hipótese, suscitada para explicar o requisito da confiança, teria exigido um tal conjunto de coincidências que a tornam improvável. Aquele requisito não era o único. Havia outros, como o de morar perto, imposto pela necessidade de levar logo a criança, em fins de novembro, tempo de grande frio, e o da maternidade recente, para poder amamentá-la. Que essas duas condições fossem coincidir em quem já possuía uma terceira, seria pedir muita simetria ao destino.
Mais plausível é outra hipótese, de natureza diversa, que Rocha Martins formula: a de que tenha sido por influência do desembargador Queirós que o marido de Ana Joaquina se tornou oficial de diligências. Já vimos que, ao nascer Eça de Queirós, os biógrafos assinalam, para Antônio Fernandes do Carmo, a profissão