de alfaiate, acrescentando, "depois oficial de diligências". O avô Queirós era magistrado influente. É razoável admitir que da proteção dele tivesse resultado a nova profissão do alfaiate.
Ainda por ocasião do centenário é que se soube quando morreu Ana Joaquina. Este foi também mais um elemento para a reconstituição, até hoje muito imprecisa, da infância de Eça de Queirós, pois fixou o período máximo em que poderia ter permanecido em Vila do Conde.
Volta-se ao problema, já aflorado no capítulo anterior, e que neste, sem a história de tantas lutas e conspirações, pode ser considerado com mais vagar. Quando saiu o menino de Vila do Conde? E saiu diretamente para a companhia dos pais, ou foi viver em Verdemilho, na casa dos avós? Se foi para Verdemilho, teria chegado a conhecer o avô?
As circunstâncias que rodearam o nascimento e os primeiros tempos, têm ensejado mais perguntas do que permitido respostas. Contudo, não parece possa haver dúvida razoável, hoje, quanto a ter ido o menino de Vila do Conde para Verdemilho.
É verdade que um dos mais documentados biógrafos de Eça, Antônio Cabral, no último dos seus livros sobre este, se considerou sem elementos para responder a todas as questões relativas à saída de Vila do Conde, inclusive a da ida ou não para Verdemilho. Isso em obra cujo prefácio é datado de 1946. Mas antes, em 1940, citando uma carta do próprio Eça, a que adiante se aludirá, opinara afirmativamente quanto à ida para Verdemilho. A incerteza posterior deve ter resultado menos da falta de elementos que permitissem uma conclusão, que do propósito de não isentar de dúvida qualquer questão relativa a esse período, de vez que tais elementos, embora ponderáveis, são principalmente circunstanciais. Pode ter resultado, também, do pessimismo desde o prefácio existente nesse livro, que o autor sabia ser, como foi, a sua última obra.
Em 1950, porém, houve um depoimento importante a respeito. Importante porque foi prestado por um filho de Eça de Queirós e se baseou em declaração deste. Escreveu Antônio d'Eça de Queirós, em livro publicado naquele ano: "Ele próprio [Eça de Queirós] nos falava em Paris das brincadeiras de Verdemilho, das correrias com os garotos da vizinhança e de certos lindos fatos de veludo, com grande gola, punhos de renda e garbosa cinta de seda."