Leal de Barros, pai de Joaquim Cavalcanti Leal de Barros, professor do velho Ginásio Pernambucano, no Recife, de cujo consórcio com Maria Carmelita Lins, veio à luz o Ministro João Alberto Lins de Barros".(4) Nota do Autor
Diz Cavalcanti "que não se pode excluir a hipótese de Ana Joaquina ter sido filha de uma escrava, Ana Maria da Conceição, com o português Joaquim Leal de Barros". Realmente não se pode excluir qualquer hipótese, dado que nada se sabe. Mas por que a mãe de Ana Joaquina haveria de ser uma escrava? O fato - único apontado - de serem frequentes as ligações de portugueses com mulheres de cor, não basta. Escravas, quando tinham filhos, não eram mandadas para Portugal. Ficavam mesmo na senzala, e era um escravo a mais.
Ana Joaquina deve ter morrido moça. Casara-se em 1832, e é de admitir, pelos costumes da época, não tivesse mais de vinte anos. Assim, ao morrer, entre 20 e 26 de maio de 1851, teria cerca de quarenta anos. Morreu como vivera, pobre, que é palavra duas vezes mencionada no registro do óbito:
"Pobre - Ana Joaquina Leal moradora que foi à Rua do Costa casada com Antônio Fernandes do Carmo faleceu de via presente para a [e]terna glória com todos os Sacramentos da Santa Igreja faleceu no Hospital desta Vila do Conde e no seguinte dia foi sepultada no cemitério da Ordem Terceira desta Vila como pobre e para constar em todo o tempo mandei fazer este ano dia mês e ano era ut supra. O encomendado, Antônio Xavier Tinoco de Faria."(5) Nota do Autor
Assim terminou, na desolação de uma enfermaria de indigentes, a existência humilde de Ana Joaquina. Na vala comum, nenhum sinal marcou o lugar dos seus restos. No entanto, mais de um século passado, quando no mármore dos jazigos outros nomes ali gravados já se vão apagando, o dela continua lembrado. Que o seja com um pouco de ternura, pelo que deu - e dinheiro algum poderia ter pago - quem tão pouco recebeu da vida, ao pequeno José Maria, a sua mãe brasileira.