elevada à categoria de vila, contando então com 42 casas e 300 pessoas adultas.
Mas a verdade é que entre a Colônia do Sacramento e o Rio de Janeiro havia um imenso vazio demográfico. Em tais circunstâncias sua manutenção era muito difícil. De outro lado, os luso-brasileiros, além de estarem no firme propósito de mantê-la como ponta de lança de penetração comercial no Vice-Reino do Prata, desejavam também criar uma barreira à expansão castelhana que se fizera na direção do Pacífico para o Atlântico. Essa política, pelo menos nos últimos anos do século XVII e primeiros do século XVIII, exigiu grandes sacrifícios em recursos humanos e materiais. Daí a necessidade de povoar.
O primeiro esforço foi endereçado à Colônia. Ela não podia ficar (e subsistir) na dependência exclusiva dos suprimentos que viessem do Rio de Janeiro, de São Paulo ou de Minas. Era preciso que ao lado da atividade militar, da comercial, houvesse também uma classe produtora de bens de consumo, ou seja, de gêneros alimentícios essenciais. Em outras palavras, era necessário que a Colônia, uma praça de guerra, possuísse o seu cinturão verde. Assim, em 1718, foi feita a remessa de 61 casais vindos de Portugal e destinados a cultivar o solo. No ano seguinte, o novo governador da praça, Manuel Gomes Barbosa, em correspondência para a Corte,(6) Nota do Autor nos fornece informações pormenorizadas sobre esses primeiros povoadores, bem como das condições de defesa da Colônia. Informa terem falecido entre os casais vindos de Portugal as seguintes pessoas: "a mãe do sargento-mor da praça, Sebastião João, cabeça de casal; Brites, a mulher de Manuel de Sá; Cristovão, do casal Antônio Vieira; e Antônio da Silva, do casal Manuel do Couto; de Matias de Sousa, faleceram três filhos; de Antônio Henriques faleceu um filho; de Domingos da Silva, faleceram dois filhos; de Antônio Vieira, faleceu um filho". Continuando, informa que das crianças, filhas dos casais, nascidas na Colônia já haviam (em 6 de abril de 1719) falecido oito e igual número estava vivo.
São dados alarmantes, que dizem bem das condições sanitárias, habitacionais e até alimentícias que enfrentaram os pioneiros. Foi grande a desilusão que muitos sofreram e por isto mesmo, um ano depois de sua chegada, informa Manuel Gomes Barbosa, 14 pessoas desertaram para a América Espanhola na esperança de encontrar, certamente, melhores condições de vida. Eram dois casais, sendo os outros moços solteiros que vieram agregados aos diferentes casais.
De acordo com o esquema previamente estabelecido, com os casais vieram sementes de trigo e outros cereais que foram distribuídas proporcionalmente a cada um deles. A primeira plantação foi um fracasso quase total, conforme se verá pelo quadro que apresentaremos a seguir, preparado com dados fornecidos por Manuel Gomes Barbosa, no documento citado.