Economia e sociedade do Rio Grande do Sul: século XVIII

o próprio padre Roque Gonzales fundou na bacia do rio Uruguai os povoados de Nossa Senhora da Conceição e da Ibitacua, em 1619, data de sua primeira penetração; São Nicolau, sobre o rio Piratini, em 1626; São Francisco Xavier, também em 1626; e ainda o de Nossa Senhora da Candelária, sobre o Ibicuí, no mesmo ano. No ano de 1628, fundou Nossa Senhora de Assunção sobre o Ijuí e, assim, sucessivamente(2). Nota do Autor Desse modo, as reduções, que já não eram poucas nas margens ocidentais do Uruguai, multiplicaram-se na margem oposta, na banda oriental do referido rio, entre os afluentes Ijuí e Piratini e mais para o sul, na direção do Ibicuí. Depois, os pontos de apoio - capelas, estâncias e vacarias - são lançados longe. Santa Tecla, junto da atual cidade de Bajé, onde se diz terem existido 50 mil cabeças de gado vacum. Assim se explica também São Vicente, junto ao rio Toropi, São Luís no Alegrete etc.

Foram sete os mais importantes centros populosos criados pelos jesuítas aquém do rio Uruguai: São Francisco de Borja, São Nicolau, São Luís Gonzaga, São Lourenço, São Miguel, São João Batista e Santo Ângelo, O primeiro reunia índios charrua e os outros, tape e guarani(3). Nota do Autor Mas, entre 1635 e 1685, esses povoados foram devastados pelas incursões dos bandeirantes paulistas, cuja atividade cessou no último quartel do século XVII, permitindo aos jesuítas, no final daquele século e já no início do século XVIII, a reconstrução dos povoados.

Numa grande iniciativa de caráter político, econômico e militar, os portugueses fundaram a Colônia do Santíssimo Sacramento. Para essa colônia, além dos militares sem família, dos aventureiros do Rio de Janeiro e de São Paulo, foram encaminhados muitos casais de minhotos e tramontanos. Era o primeiro passo para a conquista definitiva do imenso território que ficava entre aquela colônia e a vila de Paranaguá. Acrescidos os núcleos de Laguna e ilha de Santa Catarina, além de São Francisco, ainda continuava a existir um imenso território de ninguém. Contudo, a penetração a partir desses núcleos de povoamento se faz sentir lenta mas continua. Paulistas, lagunistas etc. vão aos poucos se apossando das terras e se estabelecendo nelas como criadores de gado. Aos poucos, também, vão solicitando e obtendo títulos legítimos (sesmarias) das terras. Esse processo de ocupação ganha novo ritmo a partir do momento em que a presença de uma pequena guarnição no Rio Grande representa mais segurança. Multiplicam-se, então, a partir daí, as entradas. Muitos trazem os seus haveres, notadamente escravos, o que significa o intuito de permanecer efetivamente na terra, aconteça o que acontecer. Desce, a partir dessa época, afirma Paula Cidade: "Uma onda de pretos e mulatos sobre as campinas do sul e em menos de um século já equivalem em número à metade dos habitantes brancos"(4). Nota do Autor Cruzam-se as três raças, e uma delas, a indígena, começa logo a ser absorvida pela raça branca, o

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