pobreza, da humildade e da pureza — as que mais escandalizam os rudes buscadores do ouro — impulsiona, engrandece e consolida sua obra. Justamente fará residir os primeiros êxitos de sua instituição nessa antítese desafiadora.
Mas, falta algo de essencial em Lourenço e disso se ressente toda a sua obra, O solitário carece de sanção oficial ao seu apostolado religioso. Eis que, a partir de certo momento, ele se torna de pioneiro um avançador apenas. A mais não o habilitam a força nem a competência. E o seu Hospício de Nossa Senhora Mãe dos Homens transforma-se numa simples casa religiosa como tantas outras, perdendo a posição vanguardeira de autêntica milícia da causa do "servisso de Deos", cuja tarefa sagrada era munir "os filhos que viviam naquele novo Mundo" das Minas Gerais das "trombetas do Céo" — a palavra de Deus e a instrução religiosa — para fazerem assim "cair por terra as muralhas da iniquidade, e dos vícios" daquela Jericó insensata. O Hospício vai num longo compasso de espera, onde apenas aparece o indomável anseio do Irmão Lourenço, a lutar com todas as suas forças para que cheguem os consolidadores de sua obra precursora e ancilar — os missionários. Entretanto, somente depois da morte do fundador, quando tudo parece perdido, como na hora nona do calvário, as esperanças de Lourenço se tornam realidade: os padres lazaristas batem à porta do santuário de Nossa Senhora Mãe dos Homens e recebem as chaves da casa, que entra assim na fase longa e gloriosa do Colégio do Caraça.
Esse é o tema desta monografia. Porque difíceis as fontes documentárias e bibliográficas sobre o assunto e o seu tempo, tivemos de organizar todo um programa de trabalho. Ele foi intenso, absorvente, total. Só mesmo o drástico regime de tempo integral, que vigora em nossa Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Assis, permitiria