orgânica, e cujas raízes se embebem no húmus fértil daqueles estudos e daqueles debates. Se se quiser remontar à fonte de que desceu a torrente, engrossada, no seu curso, pelo afluxo das maiores forças espirituais da nova geração de educadores, brotadas em meios diversos mas impelidas na mesma direção, não será preciso recuar mais de dez anos para termos as origens de um movimento cujo alcance não se podia prever e cuja intensidade, mercê de circunstâncias especiais, de vária natureza, foi suficiente para criar uma "consciência educacional", e para inaugurar uma nova política de educação no Brasil.
Este fato de que, no inquérito d'O Estado de S. Paulo, se encontram as linhas reformatrizes do maior movimento de renovação educacional que se operou no país, já bastava para lhe dar um alto valor documentário na história da educação nacional. Esse largo inquérito marca efetivamente um penedo agudo na fermentação de ideias com que, nos domínios da educação, já se processava um movimento francamente renovador, igual ao que se manifestara na arte e na literatura, e que culminou na Semana de Arte Moderna, realizada em São Paulo. Em outros setores da vida social respirava-se a mesma atmosfera de batalha. Embora com menos continuidade e vigor, desenvolvia-se movimento semelhante nas esferas políticas, em que explodiu, desde 1922, em sedições militares, o sentimento de reação contra velhos processos e costumes políticos, e se formava uma consciência da necessidade de purificá-los pelo fogo das revoluções se não fosse possível reformá-los por meios pacíficos.