A educação pública em São Paulo

de tal ordem que tornem a nossa instrução pública incapaz de contribuir para realizar mais tarde um tipo de cultura original. A nossa educação primária, asfixiada pelo dogmatismo oficial, ainda se modela segundo um padrão único e rígido, que, além de não consultar as realidades regionais, não tem organização adequada para corrigir, pelo manualismo, o nosso desamor aos trabalhos corporais e para desenvolver, em escolas-oficinas e escolas de trabalho, o espírito de cooperação social. O ensino profissional não passa de tentativas acanhadas. Os ginásios, — aliás sob a fiscalização do governo federal, — não estão aptos para realizar os fins a que se destinam. Não falaremos da ausência absoluta de institutos de alta cultura, de pesquisa livre e desinteressada, votados ao progresso das ciências puras e aplicadas.

De resto, as nossas escolas não educam; instruem apenas, quando instruem. Não confundamos instrução com a educação. Só a educação cria forças vivas; a instrução não pode servir senão para dirigi-las. Sabemos, — e esse conhecimento é ministrado em todas as obras de ciência social, — que seria um erro atribuir exclusivamente à administração e a um corpo de pedagogos o papel de educador que cabe sobretudo à família, "organismo natural e insubstituível" em qualquer sociedade, para obra vital de educação. Mas por um lado, a escola pode e deve contribuir para influir sobre a formação do tipo social, uma vez que tenha conhecimento exato dos defeitos de caráter que se propõe a corrigir, e seja orientada, neste sentido, por um esforço conjunto da família,

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