que isso, a inflação, enquanto produz poupança forçada, desloca ela mesma o teto.
Em termos de política econômica isto significa que a inflação tem um impacto positivo no desenvolvimento e por isso mesmo deve ser combatida com o maior cuidado (exclui-se o tratamento de choque e pede-se uma política gradualista de contenção). Sinteticamente, para que o combate à inflação não prejudique o desenvolvimento seria indispensável que se substituísse preliminarmente a poupança forçada monetária por quantidade igual de poupança voluntária. Em suma: eu considerava a inflação um dos caminhos para o desenvolvimento, mas não o único caminho. Um governo que, através de uma política de austeridade, reunisse bastante poupança voluntária, poderia dispensar a inflação. Uma vez, no entanto, o surto inflacionário desencadeado, a reversão a uma política de austeridade deveria ser feita com os devidos cuidados.
Outro ponto importante era o de que a tese de limite superior igual à plena capacidade permita comprovar a possibilidade da continuação indefinida do mecanismo formador de poupança forçada. De fato, nos países desenvolvidos ao ocorrer a inflação existia pleno emprego e, consequentemente, estava no máximo o poder de negociação dos sindicatos. Daí para obterem a escala móvel de salários ia apenas um passo.
Nos países subdesenvolvidos inflação significava plena capacidade e não pleno emprego. Continuam, portanto, a existir as diversas formas de desemprego e subemprego que caracterizam os países subdesenvolvidos (e são, em última análise, corolário da plena capacidade como limite superior). O poder de negociação dos sindicatos continuava fraco e, portanto, não se adotava escala móvel de salários. Os fatos comprovam essa conclusão teórica.
c) No que se refere aos custos industriais, a tese do limite superior igual à plena capacidade modifica substancialmente a posição ortodoxa. Se o capital é o fator raro, a mão-de-obra é, por definição, abundante. Logo não se pode falar em pleno emprego, pressuposto básico da teoria das vantagens comparativas. Raciocinando em termos de custos alternativos, normalmente usados na teoria do comércio internacional, lembrava que o custo da indústria no Brasil era dado pelas atividades agrícolas, que deveriam ser abandonadas para produzir manufaturas. Ora, dada a inexistência de desemprego, a industrialização poderia ser levada adiante, sem qualquer redução na produção agrícola. Logo, os custos alternativos da indústria brasileira eram nulos, quaisquer que fossem seus custos reais ou monetários. A existência de uma indústria