Diga-se, a bem da verdade, que Simonsen introduziu um fator de aumento de produtividade na revisão salarial. Essa inclusão foi um erro, conforme procurei demonstrar no trabalho suprarreferido. Também não sou responsável pelas distorções introduzidas na política salarial do atual Governo."
Esta posição de João Paulo de Almeida Magalhães reflete, de modo geral, o pensamento da corrente desenvolvimentista. Não surgiu, entretanto, toda pronta e armada, como Minerva da cabeça de Júpiter, nem ao influxo da varinha de condão de algum mago economista, mas resultou de um processo de elaboração ante a realidade cotidiana enfrentada por nosso país, pelo Continente e mesmo por outras nações de estruturas semelhantes. Para Sousa Barros(22) Nota do Autor três elementos atuaram nesse sentido: as ideias da CEPAL, a busca de soluções para nossos problemas regionais, particularmente os do Nordeste e a teoria francesa dos polos de desenvolvimento.
Vimos anteriormente que já na década de 20, Roberto Simonsen sugeria a industrialização como meio para superar o nosso atraso econômico e elevar o padrão de vida brasileiro. Na década de 30, combatia a cláusula de nação mais favorecida nos tratados comerciais por representar maior expansão econômica das nações mais desenvolvidas em detrimento das mais atrasadas, equiparando condições de igualdade e reciprocidade jurídicas com equivalências econômicas, quando na realidade traduzia vassalagem das menos aparelhadas às mais poderosas. Na década de 40 propunha que os tratados de comércio entre os países exportadores de produtos primários e os de densamente remunerados fossem complementados pela obrigatoriedade de uma cooperação compensadora de ordem técnica e econômica, para atender à desigualdade representada por eles. Finalmente, levantou a necessidade do planejamento para o nosso desenvolvimento do pós-guerra.
A CEPAL, estabelecida em 1948, cujos trabalhos começaram a aparecer em 1949, ocupou-se principalmente dos seguintes assuntos: crítica da teoria tradicional do comércio exterior, sobretudo do caráter das relações econômicas entre o "centro" e a "periferia"; razão de ser da industrialização e análise de seus aspectos principais no âmbito latino-americano; planejamento como imperativo para o desenvolvimento; motivação do financiamento e do investimento estrangeiros e suas modalidades mais adequadas para atender às exigências do crescimento econômico; integração regional como arbítrio primordial para superar os compartimentos