História do pensamento econômico no Brasil

O segundo elemento plasmou, igualmente aos poucos o exame de nossas disparidades regionais, emergindo daí, de forma mais acentuada, a problemática do Nordeste, para o qual foi logo criado um banco regional e implantada uma poderosa usina hidrelétrica.

Os debates travados na imprensa, no parlamento e órgãos governamentais, foram amplos e profundos, procurando-se ainda o exemplo de outras regiões, como o mezzogiorno, além de nossa própria experiência histórica. Cabe assinalar, a obra pioneira do dominicano Louis Joseph Lebret sobre o Nordeste, feita a pedido da CODEPE (Comissão de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco) por ser um estudo percuciente da região, de seus problemas, e da população, e também por ter traçado um plano a longo termo, a fim de completar a infraestrutura e implantar equipamento de base para promoção das atividades essenciais, com a instalação de numerosos ramos industriais, muito significativos, como se verificou mais tarde.

Frei Lebret, como é sabido, chefiava o grupo francês de economia e humanismo que encarava o desenvolvimento como algo mais amplo e mais profundo do que a simples mise en valeur dos recursos naturais de uma região - da qual depende o desenvolvimento - mas que a ela acrescenta a afirmação dos valores humanos, nem sempre beneficiados com o aproveitamento econômico de uma região.

Baseado no primado das necessidades humanas, o grupo francês elaborou uma doutrina e uma teoria econômicas que se realizavam como sistema numa economia de setores, e se ampliavam como teoria do desenvolvimento e técnica de planificação territorial ou regional para abranger, finalmente, todo o problema da civilização.(25) Nota do Autor

Somente a SUDENE, mais tarde, ao que saibamos, e possivelmente utilizando pelo menos parte dos dados e projeções de Lebret, realizou obra mais dilatada e de maior magnitude no domínio econômico. Trata-se de assunto por demais extenso para ser esmiuçado aqui, mas também dispensável, por ser bastante conhecido.

O terceiro elemento a referir é a teoria francesa do polo de desenvolvimento, cujos autores são os professores François Perroux e Jacques Boudeville e que encontrou larga ressonância entre nós, não somente por parte de economistas, como igualmente de geógrafos, sociólogos e urbanistas. Sousa Barros acha que estes

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