História do pensamento econômico no Brasil

de terra que deviam trabalhar, entregando parte da produção aos senhores. Também se constituíram os colonos, para fins militares, nas fronteiras, gozando de certos privilégios, mas não isentos de numerosas obrigações.(17) Nota do Autor Dessa forma, cessaram de existir os escravos, surgindo os servos da gleba, já possuidores de terras, o que os fazia trabalharem com mais gosto. Na Europa Ocidental, nas terras arrebatadas aos romanos, apareceram igualmente os camponeses livres, oriundos dos bárbaros.

Tornou-se possível desse modo estabelecer um novo sistema de desenvolvimento na Europa Ocidental em decadência, o que representava importante passo à frente, apesar dos estragos consumados pelos bárbaros. Voltava-se desse modo a um regime exclusivamente agrícola, ou, como diz um historiador desses acontecimentos: "... o feudalismo não é mais do que a repercussão, na ordem política, da regressão da sociedade a uma civilização puramente rural."(18) Nota do Autor Os bárbaros, antes em boa parte nômades, em contato com os romanos, melhoraram seu sistema de agricultura, aprenderam a horticultura, o cultivo da vinha, a fabricação do vinho e a olivicultura. Nas grandes propriedades feudais foram montadas mais tarde ferrarias e outras oficinas, que produziam armas, arneses, selas, tecidos etc., bastando-se a si mesmas, sem quaisquer dependências do mercado externo, a não ser em artigos de luxo para os senhores: armas de valor, sedas, artigos de ourivesaria.

Nisso tudo desempenhou a Igreja papel muito importante, tanto como força espiritual quanto temporal. Converteu-se no maior dos senhores feudais e enquanto estes, dispersos, careciam de laços de unidade nacional, a Igreja possuía a unidade doutrinária que lhe proporcionava poder universal, e a pretensão de regular as relações e a conduta humanas.(19) Nota do Autor Dispondo de óbolos e esmolas, angariou recursos monetários para emprestar dinheiro aos laicos. Face a uma sociedade notoriamente ignorante, somente o clero possuía cultura - a escrita e a leitura -, o que obrigava os príncipes e reis a escolher eclesiásticos para seus chanceleres, secretários, escriturários, pondo assim a alta administração em suas mãos. Predominava também nas artes. Não tinha, portanto, apenas autoridade moral, mas também um importante poder financeiro.(20) Nota do Autor

História do pensamento econômico no Brasil - Página 19 - Thumb Visualização
Formato
Texto