Em 1877, artistas chapeleiros protestam contra as baixas tarifas do similar estrangeiro, por resultarem em diminuição de seis salários em proporções que iam até 40 e 50%. A Cia. Industrial do Brasil também reclama contra a baixa tarifa dos tecidos. Em 1881, a Associação Industrial erguia-se contra o livre-cambismo vigente, porque nos colocava na dependência da produção alienígena. Em 1882, havia manifestações contrárias à baixa tarifa dos fios de algodão, por prejudicarem a produção nacional. Em 1886 repudiava-se o slogan de "país essencialmente agrícola" a nós atribuído. Dessa maneira, a velha reivindicação de protecionismo alfandegário levantava-se, no Brasil, com grande atraso em relação à Europa e Estados Unidos.
O começo do século foi marcado por um novo avanço fabril, que o Censo Industrial de 1907 assim indicava: 3.410 estabelecimentos industriais, onde trabalhavam 156.250 operários, com valor da produção estimado em 766.482 contos. Sua importância pode ser aquilatada sabendo-se que, para uma importação de artigos manufaturados no montante de 133.195 contos, a produção nacional de idênticos artigos somava a 477.195 contos, ou seja, três vezes mais das aquisições no exterior.
As sucessivas reformas tarifárias levadas a efeito, mesmo sob a orientação de ministros livre-cambistas confessos, como Murtinho e Leopoldo Bulhões, elevando as tarifas de importação, a fim de desafogar as aperturas do Tesouro, incentivavam a produção interna de manufaturas, redundando em crescente importância das atividades fabris no cenário nacional, tanto do ponto de vista econômico quanto social. Isto fortalecia os industriais, levando-os a pleitearem seus direitos, o que por vezes provocava protestos das nações estrangeiras, que forneciam mercadorias ao nosso país.
As controvérsias que se travavam em torno desses assuntos e o desenvolvimento industrial permanente propiciaram ocasião para formação de líderes industrialistas combativos e lúcidos, como Serzedelo Correia, Vieira Souto, Jorge Street, ou de políticos de visão ampla, como Lauro Müller, Nilo Peçanha, João Pinheiro e outros, favoráveis ao incremento fabril. As campanhas giravam, ordinariamente, em torno do protecionismo alfandegário e da defesa da produção nacional.(34) Nota do Autor
A revolução de 1930, sem o suporte econômico do café, levou Getúlio Vargas a procurar outros caminhos para o nosso desenvolvimento. Por isso, em discurso pronunciado em Belo Horizonte,