Entretanto, toda essa verdadeira revolução da superestrutura se fundamenta na mudança operada na infraestrutura, ou seja, na economia.
As transações comerciais provocadas pelos descobrimentos dos portugueses e espanhóis são, desde o início, disputadas por traficantes holandeses, ingleses e franceses, que as ampliam logo para o Mar Báltico e para a China. As companhias que se ocupavam de tais transações cresceram, tornaram-se poderosas, acabando por assumir praticamente o poder nos respectivos países, desalojando a Espanha, por exemplo, dos Países Baixos. Paralelamente a essa intensificação do comércio marítimo, incrementaram-se as atividades manufatureiras, principalmente a fabricação de panos de lã na Holanda e na Inglaterra, dando nascimento às manufaturas. A agricultura modificou seu aspecto, porque passou a abastecer as cidades que iam surgindo por toda a parte, alargando-se também a ovinocultura pela necessidade de fornecer matérias-primas à indústria nascente: a lã, indispensável à produção de tecidos.
Com o ouro levado da América, amplia-se enormemente a circulação monetária, impulsionando de modo extraordinário o comércio, tornando-se o dinheiro uma das formas mais importantes de riqueza. Colombo dizia que o ouro era uma maravilha, podendo proporcionar tudo o que se desejasse, até mesmo levar as almas ao paraíso.(31) Nota do Autor Engels afirma: "... muito antes que os castelos feudais fossem fendidos pelas novas peças da artilharia, estavam já minados pelo dinheiro; a pólvora do canhão não foi mais do que o hussardo a serviço do dinheiro."(32) Nota do Autor
Estes fatos novos emergem e adquirem extraordinária força, suscitam imensos problemas a serem abordados e resolvidos. Para isso aparece o mercantilismo como teoria econômica.
No mercantilismo podemos distinguir dois aspectos: um, o chamado crisoedonismo,(33) Nota do Autor que tem por finalidade a aquisição e o aumento do estoque de metais preciosos; o outro, denominado economia nacional.(34) Nota do Autor O primeiro praticava uma política metalista (bullionisme),(35) Nota do Autor consistente no protecionismo monetário direto e defensivo, para impedir a saída do ouro, na obrigação do repatriamento dos créditos, nos gastos dentro do país e na supervalorização artificial. Foi a política seguida sobretudo pela