Santos e viagens: um estudo da vida religiosa de Itá, Amazonas

dívidas, permanecem nos sítios destes ou se reúnem em pequenos povoados, onde se misturam gentes de várias tribos, e em que a subsistência depende dos mesmos métodos que o caboclo e onde não é mais possível manter a organização tribal. A própria língua nativa cede à "língua-geral" e ao português. São comuns os casamentos com caboclos. Esse processo de assimilação tende a acentuar-se com a melhoria de meios de comunicação. Há 20 anos eram necessários cerca de dois meses para alcançar o "alto" em batelões a remo. Hoje motores modernos fazem em uma o mesmo percurso. Referimo-nos a tribos que de há muito mantêm contatos pacíficos, pois o mesmo processo não se verifica para aquelas mais arredias que hostilizam o caboclo e por ele são hostilizadas. Dificilmente serão assimiladas.

Embora o forte contingente ameríndio na cultura regional, as comunidades caboclas da Amazônia não se distinguem das de outras regiões do Brasil, da mesma forma que tais culturas descritas como "Recent Indian", para Guatemala e México, ou Aimará e Quéchua na região andina. A dualidade e o contraste entre ladinos ou crioulos de cultura francamente europeizada e índios ou mestizos de tradição hispano-índia, característicos de outras áreas do Novo Mundo, não se apresentam aqui. Nessas áreas, embora essas categorias também exprimam condições econômicas diversas, o ladino como elite, o índio como haciendado, o elemento diferenciador por excelência entre as comunidades, como entre estas e os centros urbanos mais desenvolvidos, reside na diversidade e fixação de um sem-número de culturas aborígenes e no seu grau de amalgamação com a cultura europeia.

Na Amazônia, onde não se desenvolveram civilizações como a Asteca, a Maia ou a Inca, o grosso da população

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