num centro urbano como é a cidade em apreço. Além disto, ajuntou perspectiva histórica aos seus conhecimentos de antropologia social moderna como já demonstrara em seu trabalho anterior, Povoamento da Cidade do Salvador, obra que teve tão boa aceitação.
O quadro que Thales de Azevedo pintou sobre as relações inter-raciais e a sua análise do processo de mobilidade social da parte da população da Bahia denominada "de cor", é essencialmente otimista. Como Donald Pierson, ele chega à conclusão de que a sociedade baiana é uma sociedade multirracial de classes e não de castas; de que existem, relativamente falando, relações pacíficas entre os indivíduos descendentes de vários estoques raciais; de que não existem barreiras intransponíveis que impeçam a ascensão social de indivíduos por causa de sua cor; e, finalmente, de que as facilidades para a ascensão das pessoas de cor de uma classe para outra mais elevada estão aumentando. Como Donald Pierson, concorda em que existem preconceitos e discriminações baseados na cor e traz a isto uma contribuição inteiramente nova com os dados que colheu na sua pesquisa de campo. Nas biografias dos indivíduos de cor, que analisou, e nas atitudes reveladas em muitas das entrevistas realizadas, encontraram-se manifestações que indicam frustrações e discriminação. Essas manifestações aparecem, porém, em forma branda, principalmente se comparadas às existentes noutras partes do mundo. Mas, mesmo na Bahia não deixam de existir numerosas desvantagens para o indivíduo de cor interessado