grandes, com mais de dez mil hectares. Mas há apenas um desta última categoria.
Sendo por profissão um agricultor, o fazendeiro de cacau o que é, sobretudo é comerciante. Sempre atento às oscilações do mercado e ao jogo da bolsa, de ouvido diariamente pregado ao rádio para conhecer a cotação internacional, reage em sua vida de relações como verdadeiro comerciante. Não tem, via de regra, o amor à terra que caracteriza o camponês. Cuida de sua plantação porque sabe que dela é que hão de vir os grãos de ouro que lhe fazem a fortuna. Mas não tem aquela nostalgia da terra, de que fala Henri Prat, nem a ela se sente indissoluvelmente ligado.
Pode-se aqui referir um outro fato. É o que se chama de absenteísmo do proprietário das terras do cacau. De fato, grande parte dos fazendeiros vive em Ilhéus, Itabuna e demais cidades da zona, na capital do estado e até na da República, fruindo calmamente as rendas que lhe advêm, anos mais volumosos, outros menos, de suas colheitas. Estes, porém, via de regra, são os grandes fazendeiros, comerciantes em toda a extensão da palavra, cuja preocupação maior é o fecho de um negócio, às vezes até com a retirada antecipada de parte do preço. A maioria, porém, não dirige os seus estabelecimentos. Essa é tarefa entregue a um administrador, a quem ficam confiadas todas as tarefas da exploração agrícola, cabendo-lhe dar contas, de período em período, ao proprietário distante.
Os donos de pequenas fazendas, das roças ou buraras, porém, têm que permanecer à frente de suas terras. Pode dar-se o caso de um ou outro ganhar amor ao seu palmo de terra. Mas o que o obriga a permanecer ali são as suas pequenas rendas, incompatíveis com o pagamento de salários a um administrador, a necessidade de elevar ao máximo a produção e até mesmo a precisão de interessar toda a família na exploração agrícola. Dos