Zona do cacau: introdução ao estudo geográfico

e um organismo governamental, o Instituto do Cacau da Bahia.

Os menores produtores, os "burareiros", vendem, às vezes, a sua colheita (e não raro por antecipação) a grandes fazendeiros, seus vizinhos. Dispondo estes de maiores disponibilidades financeiras e de crédito nos bancos não lhes é difícil fazer, assim, esse lucrativo negócio. Hoje, essa prática vai rareando, cada vez mais. A zona de produção está cortada por numerosas estradas de rodagem, facilitando a localização, nos lugares mais longínquos, de agências e representantes daquelas firmas exportadoras. Outrora, porém, a ausência de comunicações e a ignorância do plantador que, inclusive, desconhecia os preços correntes, colocavam os pequenos agricultores à mercê de indivíduos espertos, cacauicultores ou não. Estes adquiriam a preços vis, e por antecipação, a colheita dos "burareiros" das zonas pioneiras e vinham vendê-la, com grandes lucros, as casas exportadoras da capital e de Ilhéus. Esse personagem tomou o nome de "partidista" - o que vende uma partida - uma espécie de agiota rural. Alguns desses partidistas, tomando gosto por usufruírem dos resultados do trabalho dos outros, manobravam por tal maneira que acabavam achando jeito de tomar para si propriedades alheias. O "caxixe", vigorante na zona cacaueira baiana em princípios do século, tomava várias formas, tinha diversas modalidades, mas consistia, essencialmente, em apossar-se alguém das terras de outrem, mediante artifícios. Como, as mais das vezes, o desbravador da mata não possuía qualquer título de domínio, a tarefa se tornava muito fácil, com a cumplicidade de notários e até de magistrados, quando não pela violência e pelo assassinato dos que ousassem resistir. O "caxixe" é o sucedâneo baiano do "grilo" paulista. Hoje, felizmente, desapareceu.

Esse é o aspecto patológico da questão do comércio do cacau. Vejamos, agora, seu mecanismo atual. Hoje,

Zona do cacau: introdução ao estudo geográfico - Página 97 - Thumb Visualização
Formato
Texto