Sincretismo religioso afro-brasileiro

encontra no Brasil sob a forma de Nanãburucu. E que, portanto, não é brasileira como quer Jaques Raimundo. É legitimamente africana. Por outro lado, a forma usada no Brasil, Nanãburucu, ou suas variantes, não se originou conforme a explicação do pesquisador brasileiro. Nanã, forma abreviada, não deve ter derivado de Ana, uma vez que já existia na própria África, como vimos, numa espécie de apelido afetuoso para a deusa Buruku. Além do mais, considerar Burucu como adjetivo significando mau, perverso, é explicação que não se ajusta à formação sincrética que geralmente se produziu no Brasil. Seria atribuir à santa católica qualidades que ela realmente não tem; e não só à santa católica, mas à própria divindade africana que, segundo as referências de Frobenius, tem qualidades criadoras, por assim dizer maternais, e nada que subentenda uma índole perversa. O que parece certo é que Burucu ou Nanãburucu é divindade africana não iorubana. Possivelmente daomeana.(36) Nota do Autor. Além das divindades que acabamos de registrar, outras, mais raras ou de menos importância, podem ser referidas. São elas:

Ossaim - divindade nagô das folhas, que nunca se manifesta nas filhas de santo. É representada por um espigão, tendo um pouco abaixo da extremidade um pequeno círculo de arame do qual caem verticalmente diversas tiras que chamam mariô. Na ponta do espigão fica um pássaro. (Xangô - Vicente Lima, Recife, 1937)

Dadá - divindade feminina. "É representada por uma espécie de capa pequena com capuz, toda coberta de pequenos búzios". (G. Fernandes - Xangôs do Nordeste. Rio, 1937.)

Ohá - Deusa do Rio Obá. Só muito raramente se manifesta. Orixá marcial. Corresponde à Santa Marta.

Sincretismo religioso afro-brasileiro - Página 193 - Thumb Visualização
Formato
Texto