Sincretismo religioso afro-brasileiro

de perto. Associação que naturalmente levou a estender a significação do nome Xangô, que na realidade é apenas uma das divindades negras, não só à religião africana como ao local onde se realizam as cerimônias rituais. Em Pernambuco, xangô é tomado na mesma acepção de "terreiro" ou candomblé, como é chamado na Bahia o local onde funcionam as festas negro-religiosas.

O medo e a curiosidade que a natureza secreta e misteriosa dos xangôs fizera nascer dentro em mim, cresceram com o tempo. Dominaram-me até a adolescência. E, por que não confessar, até quase homem feito.

Mais tarde, rapaz de meus 19 ou 20 anos, tive oportunidade de assistir a alguns xangôs. Um deles foi o de pai Adão. Embora já começasse a ter um certo interesse de estudioso pelo assunto, a minha inexperiência geral e a falta de conhecimentos especializados de etnografia religiosa, e sobretudo afro-brasileira, constituíam fortes obstáculos para que pudesse pelo menos esboçar qualquer trabalho sério.

Outras preocupações fizeram deter por muito tempo o desejo que tinha de estudar as religiões negras em Pernambuco. Dentre elas, o curso médico que eu iniciava, absorvendo-me grande parte do tempo, e o gosto pelo magistério, que desde 1925 exercia. Preocupações que se agravaram depois com o exercício da profissão médica e uma maior atividade no magistério secundário e superior.

Apesar de tudo, a ideia fixa continuava. Já então estimulada pelo ressurgimento de Nina Rodrigues, pela

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