Sincretismo religioso afro-brasileiro

assim a realizar um velho sonho. A satisfazer a uma não menos velha curiosidade. A tarefa era penosa. Mas era também sedutora. Muitas e muitas vezes entrava pela madrugada adentro, até o nascer do sol, em certas ocasiões, para fixar cenas e interpretar passagens do ritual religioso.

Isso, para não falar nas inúmeras vezes em que fui aos "terreiros", fora dos dias festivos dos calendários religiosos, para assistir a alguns "toques" que me foram especialmente dedicados, ou às "obrigações" e cerimônias mais íntimas, como a do sacrifício de animais ou da iniciação de "filha de santo". Ou ainda para colher informações, anotar as toadas e suas variantes, repetidas muitas vezes ao ouvido para que pudesse pegá-las bem, um bom número já por mim gravadas em discos, e bater chapas fotográficas.

E não ficou aí o meu trabalho. Fora dos "terreiros", realizava encontros com "pais de santo", "filhos de santo", tocadores de atabaques, tiradores de toadas, para completar registros e anotações.

Infelizmente, não dispus de recursos financeiros senão dos meus próprios. Daí não ter podido aumentar o documentário sonoro e realizar uma filmagem em película colorida das principais cenas da vida dos xangôs. Espero um dia ainda fazê-lo, num tremendo sacrifício, às minhas próprias custas.

Neste volume, focalizei apenas o fenômeno do sincretismo. É verdade que não era possível separá-lo do aspecto geral, de conjunto, do fenômeno religioso negro-africano

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