Sincretismo religioso afro-brasileiro

acentua Artur Ramos,(17) Nota do Autor em torno dos negros malês, do Sudão Ocidental.

As culturas bantos, mal delimitadas, têm sido reconhecidas apenas pela predominância angola-conguense no Rio e na Bahia. Em Pernambuco, pelo que nos foi possível apurar, do ponto de vista da cultura geral e particularmente da religião, a influência banto se manifesta exclusivamente com marcas angola-congolesas.

Os negros sudaneses, trazidos pela escravidão, localizaram-se principalmente na Bahia, que recebeu também, embora em proporções menores, representantes da cultura guineano-sudanesa islamizada, tais como fulas e mandingas. Apesar de Nina Rodrigues haver afirmado que só encontrara na Bahia entre os bantos "uns três Congos e alguns Angolas",(18) Nota do Autor sabe-se hoje, principalmente pelos sinais indiretos de sua influência - as sobrevivências culturais - que o número de bantos entrados na Bahia foi considerável.

Enquanto João Ribeiro e Sílvio Romero,(19) Nota do Autor influenciados pela tentativa de classificação tribal de Spix e Martius,(20) Nota do Autor defendiam o exclusivismo banto, Nina Rodrigues batia-se pela supremacia sudanesa.

Nina Rodrigues não só desconheceu o restante da população negra existente no Brasil, como até mesmo parece não ter levado na devida conta a influência cultural banto na própria Bahia. Embora percebesse a presença de traços culturais sul-africanos, o que lhe interessava era o negro sudanês. Para ele só o sudanês pesava na balança social e religiosa da Bahia.

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