"As mulheres também fazem traição, para fazer roupas de algodão no tear. Neste tipo de ajuda só participam as mulheres casadas. Infelizmente não nos foi possível recolher seus cantos. Tivemos, porém, oportunidade de examinar a fazenda tecida nos teares toscos e rudes, num desses singulares mutirões femininos de Goiás."
"Os versos da traição cantados por Crispim Martins de Moura, meeiro, e que foram recolhidos, são os seguintes:"
"Acordai, belora, acordai,
Não se ponha a se adrumi,
Qu'isto são sono da morti,
Que tu veiu apersegui.
Da boca faço um tintero,
Da língua pena moiada,
Dos denti letra miúda,
Dos óio carta fechada.
A vidinha de ti quero,
É sòmente dispidi,
Adeus vidinha adorada,
Chegô o tempo d'eu parti.
Vô fazê um balão de seda,
Pr'a nos ares eu assubi,
Conforme fô o jeito do vento
Nos seus braços eu vô caí.
Acorda, meu bem, acorda,
Tratamento não é nada,
No armôço, frango cheio,
Na janta, leitoa assada.