Mutirão: forma de ajuda mútua no meio rural

"A remuneração oscila de acordo com o número de reses, isto é, com a parição anual. Conhecemos fazendas com a parição de 150 bezerros por ano que taxam a Cr$ 60,00 o bezerro, totalizando assim Cr$ 9.000,00 que, somados à renda do leite, roçados e vazantes, permitem ao vaqueiro viver como vaqueiro (dados de 1951)."

"Naturalmente que os rebanhos menores, de menor parição, reclamam maior indenização e o oferecimento de outras vantagens. O raciocínio, em números, pequena ou nenhuma vantagem oferecerá ao do salário-mês. Há, todavia, o fator psicológico - do homem que sente a vida agarrada à função, ao curral, ao bezerro, ao barbatão, à vaca, ao leite e ao cavalo de campo"(10) Nota do Autor.

Como transição entre a antiga forma e o pagamento em dinheiro, assinalava-se, outrora, uma modalidade que consistia na compra da sorte, em folha, pertencente ao vaqueiro.

Na subzona do sudoeste baiano, já referida, costuma-se pagar ao vaqueiro-chefe, nas propriedades dedicadas a engorda, além do ordenado, uma percentagem (de 3% a 5%) sobre o valor líquido da venda de gado, tendo ainda o vaqueiro, em certos casos, direito a manter nos pastos da fazenda determinado número de reses (30, 40 ou 50, conforme a combinação).

Como não poderia deixar de ser, as mudanças que se verificam nas atividades pecuárias, quanto ao sistema de pagamento do vaqueiro, repercutem nas relações de vizinhança. A profissão de vaqueiro, que era transmitida de pai a filho, perde a fisionomia tradicional, para se transformar em simples emprego desempenhado por alguém supostamente conhecedor dos "segredos" do ofício. É, pois, compreensível que, ao impacto das

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