Mutirão: forma de ajuda mútua no meio rural

Em carta dirigida a Hélio Galvão e datada já de alguns anos, escrevia Joaquim Alves:

"A velha prática da sorte está desaparecendo nas fazendas de Quixeramobim, propriedades de fazendeiros residentes em Fortaleza. Em lugar do pagamento ao vaqueiro ser feito como era anteriormente, de cinco bezerros um para o vaqueiro, o proprietário em Fortaleza está pagando salário-mês, variando com as condições da fazenda. O vaqueiro, porém, continua com direito de plantar cereais e algodão. Nos sertões de Pernambuco, o amo, além da sorte, dá a roupa de couro, perneira, gibão, peitoril e luvas, que custam atualmente Cr$ 300,00 ou Cr$ 400,00 segundo me informou um pequeno criador no município de Salgueiro, Pernambuco. Com a introdução do gado de raça e raceado, nas fazendas do Ceará e Estados vizinhos, mudaram as condições da velha vaqueirice e, conseguintemente, de pagamento. Nas fazendas de gado pé-duro, porém, permaneceram as antigas normas estabelecidas entre o vaqueiro e o fazendeiro, nos tempos coloniais, com poucas alterações"(9) Nota do Autor.

Nalguns lugares, adotou-se uma fórmula conciliatória, tendo por base a parição do rebanho. No ato da ferra (duas ferras anuais) o proprietário indeniza o vaqueiro, a determinada base, por bezerro nascido, ficando o segundo com direito a roçado e vazantes e por vezes ao leite ou à sua metade, conforme a combinação. Escrevendo sobre o assunto, observa Oswaldo Lamartine:

"Oferece o sistema a vantagem do maior interesse do encarregado em vacinar o gado, zelar pelo rebanho, não matar os bezerros na cuia e cuidar das vacas amojadas, de vez que o ganho está na dependência de bezerros nascidos."

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