os negócios da Companhia no Brasil. Contudo, seria erro sério pensar que as cartas constituam simples relatórios de mensageiros. Depois de breve exame, os interesses e intenções de cada missivista tornam-se claros e ninguém confunde a firmeza de Rui Pereira com a aspereza de Leonardo do Vale. Em suma, as cartas jesuíticas (à parte os seus outros escritos, como sermões, relatórios sobre novos membros da Companhia, necrológios, etc.) apresentam, de um determinado ponto de vista, uma massa de informações sobre os índios e os portugueses. A miscigenação dos dois povos, a continuação da antropofagia, a indianização do português, a resistência ou aceitação dos preceitos jesuíticos, estes e outros tópicos estendem-se à larga. Menos evidente são as notícias de como corria a vida nas vilas, ou se os navios de Portugal chegavam no tempo devido, o preço das mercadorias, a produção do açúcar numa determinada região ou a abundância ou escassez do peixe.
Os dois tratados sobre o Brasil, por Gandavo e Soares de Sousa, são mais metódicos, mas menos coloridos. A informação bibliográfica sobre ambos pode ser encontrada na Biblioteca lusitana (3) ou no Dicionário bibliográfico português (4) ou nos prefácios às edições de suas obras já acima citadas. Gandavo (além do mais, humanista e amigo de Camões), viveu no Brasil e escreveu em 1570, aproximadamente, e mais tarde. De seus dois relatos, o primeiro (o Tratado) é uma rápida descrição do litoral (é claro, o que era conhecido no seu tempo), entremeado de algumas frases sobre a história das capitanias. Seguem-se então alguns curtos capítulos sobre a flora e a fauna, com observações sobre os indígenas. No segundo (a História) trata quase sempre do mesmo assunto, exceto quando demora em maiores detalhes sobre a flora, a fauna e os indígenas. Ambos os