Do escambo à escravidão. As relações econômicas de portugueses e índios na colonização do Brasil. 1500-1580

efeitos do negro sobre o português e o brasileiro nativo, pode-se dizer que no montante dos trabalhos sobre os indígenas a principal preocupação é a inter-relação de europeus e indígenas.

O aspecto mais negligenciado, nos estudos sobre o primeiro século da história do Brasil, é o das relações econômicas entre os portugueses e os nativos. Essa negligência é surpreendente, pois ainda que seja recente e comparativamente pequeno o interesse pelos aspectos econômicos da história do Brasil, não se pode esquecer que durante quase um século os indígenas e os portugueses estiveram quase sozinhos no Brasil. As exceções, constituíam-nas alguns franceses que de tempos em tempos se atreviam a acampar no litoral e se apossaram da terra dos portugueses (2) Nota do Autor; uns poucos carregamentos de náufragos espanhóis que violaram terras portuguesas; um ou dois alemães; e já para o fim do século, alguns ingleses e holandeses que sobreviveram apesar dos portugueses e dos índios. Os brancos europeus não eram os únicos e escassos estrangeiros. Também os negros, que vieram a ser nervo e força da economia do nordeste do Brasil, só começaram a ser transportados em quantidade, para o Brasil, a partir da década de 1570. Ainda assim, só muito depois começaram a vir aos milhares por ano; e o que é mais, concentrados principalmente numa única parte da região. Portanto os portugueses, poucos em número, como de fato eram, durante quase um século não tiveram outra gente que os ajudasse, senão os indígenas.

Como as relações dos portugueses com os indígenas foram, em grande parte, determinadas pelos objetivos que

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