os variegados reflexos do céu faziam sobressair, de tal modo, as árvores, que se podia distinguir as cousas duas vezes mais longe que o normal. Havia um silêncio curioso, também, como se a floresta esperasse algo; silêncio que o ruído de um machado, ao longe, tornava mais solene.
Seguimos pelo caminho até encontrar uma canoa que alguém, para trabalhar na roça, havia lá amarrado. Empilhamos o equipamento na proa e na popa, evitando o fundo chato onde se acumulava água, e subimos para bordo; era a maior lancha que o posto possuía, cabendo todos nós confortavelmente. Chico e Pari, que também veio, pegaram dos remos, e impulsionaram a canoa suavemente, por entre as árvores. Começamos logo a gritar alegremente, como um grupo em férias no rio Serpentine, fazendo tal algazarra que não ouvi o grito de dor de Tero, quando uma formiga tocandira o picou: havia posto a mão exatamente em cima dela ao evitar uns galhos. Nossos gritos foram ouvidos pelos habitantes de Canindé, do outro lado do rio. E eles resmungaram ante a perspectiva de alimentar o que lhes pareceu uns quarenta índios.