CAPÍTULO XXI
Índios e civilizados(1) Nota do Tradutor
Fiquei alegre por voltar a Canindé. A casa bem construída, o rádio de pilha que João Carvalho ligava, à noite, a comida servida em pratos de louça, na mesa com toalha - esses confortos familiares, imediatamente, reconquistaram seus direitos e tornaram curiosamente irreais, os quatro meses que passei na floresta. Foi um prazer comer carne cozida adequadamente, peixe, batatas fritas, salada e milho verde. Havia até leite, do gado zebu que pastava em torno do posto. Melhor ainda: podia ler em paz. Tentara devorar Dom Quixote e Moby Dick, enquanto estava na floresta, mas lia como um criminoso e sem prazer: percebia que, isolar-me com um livro, equivalia a uma desconsideração aos índios e à sua amizade a mim. Em Canindé, entretanto, era como se eu estivesse, mais uma vez, em casa e lia vorazmente. Era-me necessária a mudança.
Estranhei, também, dormir num quarto, novamente. Chico preferiu fazê-lo na varanda, onde podia ver a lua a brilhar no rio - lembrava-lhe a casa, em Canindé onde iríamos, brevemente, em visita - mas Antônio-hu armou a rede dentro da casa, próximo à minha. Não é que