Selvagens amáveis - Um antropologista entre os índios Urubus do Brasil

passeio a fim de ver outra pequena aldeia de tembés, a uma hora a pé, e a aldeia urubu vizinha, onde encontrei Kuaxi-puru que me contou o extraordinário rito a que o tuxau tem de submeter-se após haver, ritualmente, morto um inimigo prisioneiro.

Fiquei umas seis semanas em Jararaca, onde me distraí muito. Era o começo do verão, findavam as chuvas e os dias se tornavam quentes e ensolarados, novamente. Chico também se distraiu bastante: sentava-se no penhasco, cantando sozinho e apreciando a aragem que, agora, soprava fresca, durante todo o dia. - "O verãozão" - exclamava. Sua canção favorita, no momento, era um samba local que assim começava:

"O menino de hoje

É uma ponta difícil,

Quando cresce um bocadinho

Quer namorar".(3) Nota do Autor

Chico criou bastante juízo. Após uma semana em Jararaca, seu sangue tembé fez-se valer e ele resolveu abandonar a ideia de viver com Saracacá.

"Talvez nem ela quisesse vir, se eu a convidasse" - disse, acrescentando como argumento decisivo: "Além disso ela não sabe cantar".

Começou a namorar, assiduamente, numerosas jovens e, antes de findar um mês, comprometeu-se com uma moça tembé, chamada Jelsa que, além de ser extremamente formosa, sabia cantar. O pai dela, como quase todos os tembés, era algo xamã. Assim Chico começou a fazer grandes planos para o futuro, e organizou uma lista das cousas que desejava comprar em Belém, pois

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