"TODO TRABALHO DO HOMEM É PARA SUA BOCA..."
"Omnis labor hominis in ore eius."
Ecclesiastes, VI, 7.
Toda a existência humana decorre do binômio Estômago e Sexo. A Fome e o Amor governam o mundo, afirmava Schiller.
Os artifícios da astúcia, disciplina da força, oportunidade da observação aplicada, são formas aquisitivas para a satisfação das duas necessidades onipotentes. O sexo pronuncia-se em época adiantada apesar das generalidades delirantes de Freud. O estômago é contemporâneo, funcional ao primeiro momento extrauterino. Acompanha a vida, mantendo-a na sua permanência fisiológica. O sexo pode ser adiado, transferido, sublimado noutras atividades absorventes e compensadoras. O estômago não. É dominador, imperioso, inadiável. Por isso os alemães dizem que o sexo é fêmea e o estômago é macho. Das Geschlecht ist weiblich und der Magen ist männlich. Pérsio fazia do ventre o Mestre das Artes, subornador do engenho. Magister artis ingenique largitor, Venter... A Fome faz cessar o Amor, diziam os gregos. Erota pamei limos. O Ecclesiastes adverte que todo trabalho do homem é para sua boca. São Paulo temia-lhe a intervenção na obra divina da redenção: "Não destruas por amor da comida a obra de Deus" (Aos Romanos, XIV, 20). "Vivite ventres!" proclamava Caio Lucílio, 149-103 anos antes de Cristo.
Homero (Ilíada, XXIV) narra a cena cruel da humilhação do rei Príamo suplicando a Aquiles o cadáver de Heitor. Impelido