História da alimentação no Brasil – 1º volume: cardápio indígena, dieta africana, ementa portuguesa

Hors d'oeuvres

"e portanto, senhor, do que ey de falar

começo e diguo."

PERO VAZ DE CAMINHA.

Em todas as pesquisas nunca esqueci de investigar sobre a alimentação popular em sua normalidade. E também nos dias festivos, ciclo religioso, a comida antiga, modificações, pratos que tiveram fama e são recordados como a mortos queridos. Sertão e praia, cidade e vila, pelo Nordeste, Sul, viagens fora do Brasil, estava vigilante na pergunta e registo.

Em dezembro de 1943, veraneando na vila de Estremoz (RN), esquemei liricamente uma História da Alimentação no Brasil, seduzido pelo assunto que vivia esparso e diluído em mil livros.

Conheci ex-escravos e com eles privei. Fui advogado de um grande senhor de escravaria, inesgotável nas recordações. Dessas reminiscências e observações do velho Coronel Filipe Ferreira, de Mangabeira, nasceram notas enchendo cadernos. Nunca perdi ocasião de ouvir aldeões galegos e minhotos, andaluzes e beirões, sobre seus alimentos tradicionais. Fiz demorados inquéritos pessoais entre mestres de farinha, damas dos antigos engenhos, cozinheiras afamadas, as doceiras de citação, sempre que podia realizá-los. Minha mãe, minhas tias, senhoras de sertão do oeste, fiéis às normas do outro tempo, suportaram minha curiosidade infatigável. Volumes impressos, cadernos manuscritos de receitas venerandas, foram lidos devagar.

História da alimentação no Brasil – 1º volume: cardápio indígena, dieta africana, ementa portuguesa - Página 9 - Thumb Visualização
Formato
Texto