e puristas. Doutrinas que afirmam uma cousa e factos que clamam invencíveis contra elas.
Traçamos um quadro em que o real e as ideias se desdobram na sua exata perspectiva.
Examinamos os critérios à face dos quais podemos falar da existência de uma língua brasileira.
As línguas não são uma substância. Têm realidade somente nos indivíduos que as falam.
Entre as maiores influências que nelas podem atuar, nenhuma iguala à do meio. Diante desta, a da própria hereditariedade acaba por desaparecer.
Estudamos a diferenciação de uma língua em territórios separados. A bifurcação é consequência inevitável. Contra a discontinuidade geográfica não valem esforços.
Anotamos a velocidade com que evoluem as línguas. A linguística não conhece prazos certos e definidos para a evolução dos idiomas. A relatividade do tempo é completa. Uma língua pode levar muitos anos em alterar-se lentamente, e pode também em curto lapso apresentar grandes modificações. As circunstâncias imperam soberanas.
Nas páginas dos mais altos expoentes da linguística apuramos a supremacia da língua falada. É ela "a única verdadeira língua" e a "norma pela qual todas devem ser medidas".
Assinalamos a relevância do elemento fonético, através do qual se formou no latim o idioma português e os outros idiomas românicos.
Salientamos o papel do vocabulário, onde, no dizer dos entendidos, melhor se faz sentir nas línguas a ação dos fatores externos. Nele é que se manifestam, ao vivo, os costumes, as crenças, a cultura inteira de uma nação. Nele se estampa o "caráter" de um idioma.
Duas línguas que divergissem totalmente apenas no léxico seriam forçosamente duas línguas diversas e distintas. Na diferença do vocabulário estará sempre uma dissimilhança entre duas ou mais línguas. O grau de semelhança, resultará, no particular, da maior ou menor igualdade de vocabulário.