INTRODUÇÃO
Algumas das afirmações que se encontram nestas linhas e nas páginas deste trabalho encherão talvez de grande mágoa e revolta o espírito daqueles que se afeiçoaram a pensar com os critérios de uma tradição estruturada em fundamentos artificiais, feitos de convenções a que a inércia do hábito emprestou uma aparência de sólida realidade.
A verdade, porém, não se escreve com a tinta dos nossos desejos, nem com a dos interesses de escolas e sistemas.
A história da ciência registra a existência de teorias que se tornaram clássicas, e nunca puderam provar as suas asserções. À força de serem repetidas, adquiriram fama e autoridade. Mais tarde, os factos vieram demonstrar que eram falsas.
Foi o que verificamos, em larga escala, no conjunto das doutrinas e lições que os nossos clássicos e puristas têm escrito e ensinado.
Nem se acredite na eternidade dos métodos e dos conceitos que algum dia nortearam a crítica, a filologia, a gramática e a linguística.
Os mais hábeis e mais seguros investigadores do pensamento científico apuraram que não há lugar para a perenidade de métodos. A fertilidade das normas de investigação científica não dura sempre. Qualquer discurso sobre o método é expressão do momento. A esta contingência não escapam também os conceitos. Com o tempo, envelhecem e caducam.
As páginas deste livro não foram escritas para os especialistas das cousas de linguagem. Não constituem a exposição de uma teoria nova ou de pesquisas originais. Confrontam factos, ideias, doutrinas, formulam relações entre